Quem sou eu

Minha foto
Salvador, Bahia, Brazil
Começo meu blog avisando aos desavisados que qlq semelhança é mera coincidência. Sintam-se muito bem-vindos ao meu blog!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Dizes-me

Dizes-me: tu és mais alguma cousa
Que uma pedra ou uma planta.
Dizes-me: sentes, pensas e sabes
Que pensas e sentes.
Então as pedras escrevem versos?
Então as plantas têm ideias sobre o mundo?

Sim: há diferença.
Mas não é a diferença que encontras;

Porque o ter consciência não me obriga a ter teorias sobre as cousas:
Só me obriga a ser consciente.

Se sou mais que uma pedra ou uma planta? Não sei.
Sou diferente. Não sei o que é mais ou menos.

Ter consciência é mais que ter cor?
Pode ser e pode não ser.
Sei que é diferente apenas.
Ninguém pode provar que é mais que só diferente.

Sei que a pedra é a real, e que a planta existe.
Sei isto porque elas existem.
Sei isto porque os meus sentidos mo mostram.
Sei que sou real também.
Sei isto porque os meus sentidos mo mostram,
Embora com menos clareza que me mostram a pedra e a planta.
Não sei mais nada.

Sim, escrevo versos, e a pedra não escreve versos.
Sim, faço ideias sobre o mundo, e a planta nenhumas.
Mas é que as pedras não são poetas, são pedras;
E as plantas são plantas só, e não pensadores.
Tanto posso dizer que sou superior a elas por isto,
Como que sou inferior.
Mas não digo isso: digo da pedra, «é uma pedra»,
Digo da planta, «é uma planta»,
Digo de mim, «sou eu».
E não digo mais nada. Que mais há a dizer?

Alberto Caeiro
In Poesia , Assírio & Alvim, ed. Fernando Cabral Martins, Richard Zenith, 2001

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Cá te espero!

Já é 01:08. Agora 01:20...
Não consigo dormir
Ouvi coisas horríveis
Disse-lhe, pois, coisas horríveis
Bem ao sabor do momento...
Não admito que ninguém me humilhe!
Você não é nada, disse-me uma qualquer
Não! Eu sou Rebeca etc, etc, sou mestra, estou terminando um doutorado, etc, etc... (São muitas informações que preciso resumi-las aqui...)
E tenho valor, sim! Sou alguém, sim!
Eu sei o meu valor!
Minha dignidade de ir e vir está resguardada pela educação que persevero e que acredito!
Quem sabe o meu valor são pessoas que também tem valor!
Posso não ter dinheiro, mas tenho algo que ninguém me tira, que é minha formação!
Disse-me também: O direito dos outros começa onde termina o seu
Eu respondo: Por isso que luto pelos meus direitos!
Estudei tanto por isso! É mais do que justo saber quais são os meus direitos!!!
Você se tornou arrogante por causa do mestrado e do doutorado...
Pouco me importa o que pensam sobre mim...
Sou autêntica!
Não me interessa a vida dos outros porque tenho vida própria!
Não preciso do olhar do outro nem para o bem muito menos para o mal!
Coloquei-a no devido lugar
No lugar da indiferença
Da insignificância!
Sei o meu valor
Conheço meus direitos
Fui condenada por fazer valer a minha voz
Por não me calar
Fui condenada por um crime que não cometi: o julgamento...
Não julguei! Disse a verdade!
Dizer a verdade talvez doa para quem não está preparado para os fatos
E isso não é sinônimo de julgamento!
Agora aproveitar e agir de má fé, procurando um pretexto para provocar uma denúncia...
Provocar uma denúncia como desconte...
Isso é covardia!
Não sou uma covarde!
Dou-me o respeito e, por isso, exijo-o daqueles que permito que tenham contato comigo!
Como pode um homem de 33 anos precisar do escudo da mãe para se defender...
Hoje ela afirma de boca cheia que não precisa da casa de herdeiros porque tem uma, e me diz, com toda firmeza e ameaça, que eu não sou dona da casa onde moro...
Amanhã... Ah! Amanhã...
Ninguém sabe do amanhã...
Mas meu nome será "Cá te espero!"

Rebeca Alcântara

terça-feira, 1 de junho de 2010

O olhar

O olhar
Pode ser tudo e nada.
Meu olhar diz o que quero ver!
Seu olhar diz o contrário...
Nossos olhares nunca se cruzaram, de fato.
Do meu olhar só tenho a dizer-lhe que vejo o que meus olhos me dizem.
Do seu olhar, só o silêncio...

Quebro o silêncio.

Um terceiro olhar entra em cena.
O terceiro olho é crítico, traiçoeiro... Irônico!
Não sei o que vê o terceiro olho, nem o que diz ao seu olhar...
O terceiro olhar cruzou com seu olhar.
O que temos é uma cena em que esses olhares se riem, não coadunam com meu olhar...

O que os olhos não veem, não sente o coração, já dizia o dito popular!
Sábio dito: melhor não procurar saber, melhor não ver...
Estava errado o meu olhar pelo ponto de vista do seu olhar!
Não era nada!
O tudo foi instantaneamente desfeito, num piscar de olhos!
Só restaram a dor e a tristeza de um todo construído em cima de um nada absoluto.

Agora nossos olhares se cruzam pela via de mão dupla, como duas paralelas.
Nunca se cruzaram, de fato, nossos olhares.
A não ser quando estamos passando.
Apenas passando...

A palavra

Havia uma palavra no meio do caminho...
Uma palavra que não dava conta de dizer tudo o que eu queria.
Uma palavra engasgada
Entalada
Atropelada de tantos sentimentos confusos e conflituosos...

Há uma palavra em meu caminho.
Essa palavra ganhou asas e fugiu de mim...
Oh, palavra, por que me abandonastes quando eu mais precisava de ti?

Haverá uma palavra no meio do caminho.
Uma não, várias, inúmeras, incalculáveis, e que, mais uma vez, não darão conta de mim...
Preciso das palavras!
Preciso de palavras!
Não fujam, por favor, me ajudem a construir meu castelo
de vento
de passatempo
de cata-vento...
É o tempo de caça às palavras!